Festival Cinemato celebra vozes amazônicas e reafirma a potência do cinema periférico brasileiro
A pluralidade das telas toma conta da 22ª edição do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá – o Cinemato –, que já está no ar com programação gratuita e online
- Categoria: Eventos Culturais
- Publicação: 17/07/2025 18:53
- Autor: Crystian Felipe Godoy
Durante 24 horas, o público pode acessar exibições de filmes que se destacam tanto pela diversidade estética quanto pelo compromisso político-cultural com narrativas silenciadas ao longo da história do audiovisual brasileiro.
Nesta quinta-feira, o destaque da programação é o documentário Concerto de Quintal, longa de 80 minutos dirigido por Juraci Júnior. A obra mergulha na alma sonora de Porto Velho (RO) a partir do acervo pessoal de Silvinho Santos — personagem central do filme, guardião de fitas K7 e dos sons que embalam quintais, terreiros e periferias. A câmera se debruça sobre encontros musicais e memórias coletivas que revelam uma identidade em permanente reinvenção.
O filme traça um amplo panorama da diversidade musical da capital rondoniense, misturando batuques afro-caribenhos, cantos corais, beats eletrônicos e improvisos de roda. Mais do que um mapeamento sonoro, Concerto de Quintal é um manifesto. Em uma estética que flerta com o sensorial e o poético, a música aparece como elemento de resistência, pertencimento e afirmação. Juraci propõe um "concerto" que reverbera afetos e dá protagonismo a corpos e vozes invisibilizados.
Essa proposta se alinha à curadoria do Cinemato, que neste ano aposta em um olhar abertamente decolonial. O festival se consolida como vitrine para o cinema produzido nas bordas do Brasil, com forte presença de realizadores amazônicos, indígenas, negros e periféricos — uma contra-narrativa ao eixo tradicional de produção e circulação audiovisual do país.
Entre os longas-metragens disponíveis online estão Mawé, de Jimmy Christian (AM), que acompanha o dilema de uma jovem indígena entre os rituais ancestrais e os desafios da vida urbana, e Pedra Vermelha, de Cassemiro Vitorino e Ilka Goldschmidt (SC), ficção com olhar atento à memória e à identidade.
A programação de curtas também é robusta e diversa: de Maira Porongyta – o aviso do céu, de Kujãesage Kaiabi (MT), a Cabeça de Boi, de Lucas Zacarias (MG), passando por obras como O Enegrecer de Iemanjá, de Uê Puauet (PR), e A Nave Que Nunca Pousa, de Ellen de Morais (PB). Os filmes vêm de todas as regiões do país, reafirmando o compromisso do festival com o cinema como ferramenta de expressão política, afetiva e territorial.
O Cinemato 2025 não apenas exibe filmes. Ele tensiona fronteiras, provoca olhares e convida o espectador a escutar o Brasil profundo — aquele que resiste com imagens, sons e histórias que não cabem nos roteiros convencionais.
assista ao filme pelo linkhttps://www.youtube.com/watch?v=8_Nnix_bvuo
fonte:cinepop.com.br
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